Após mais de seis anos sem um título, a paiN Gaming conquistou novamente a tão sonhada taça em 2021. O troféu marcou não somente a equipe, mas também todos os jogadores e componentes da comissão técnica do time. E não poderia ser diferente com o técnico João Pedro “Dionrray”, que está na equipe desde maio de 2019 e já havia conquistado a Superliga ABCDE com a organização. O Fragster conversou exclusivamente com o técnico da equipe, elaborando uma entrevista de duas partes. Leia a primeira parte da entrevista do treinador da paiN Gaming:
Dionrray foi o técnico mais jovem do CBLOL
“Lembro que até 2016, por um bom tempo, eu era sim (treinador mais jovem do CBLOL). Se teve mais outra pessoa, talvez o Lorenzo Jung, na época de Keyd ou INTZ, mas eu acho que eu assumi esse posto aí durante bastante tempo”
Rebaixamentos e análise da carreira atualmente
“Realmente, eu passei por alguns altos e baixos, principalmente no começo da minha carreira. Eu costumo falar e também pensar que, quanto mais alto você está hierarquicamente em alguma empresa, alguma equipe, no meu caso nos Esports, mais a experiência é importante, mais você demanda experiência, você precisa passar por várias coisas para conseguir entender realmente como as coisas funcionam. Estar na paiN sempre foi um sonho pra mim e desde o começo, desde antes de entrar no cenário. E eu sinto que eu precisava passar por tudo isso pra entender muita coisa, como eu funciono, como as coisas funcionam para eu conseguir ter sucesso. E eu falo isso tanto como profissionalmente quanto em aspectos da vida também, querendo ou não, eu vim para São Paulo muito novo, entrei para o cenário de Esports muito novo, com 19 anos, e pessoalmente, quando você ocupa um cargo na comissão técnica, você ter bagagem, ter experiência, seja de jogo ou fora de jogo, acaba sendo muito importante, então eu costumo dizer que todos os maus momentos que eu tive dentro dos Esports foram o que permitiram eu ser chamado pela paiN em 2019 e continuar até agora, ganhar um título pela organização e construir um nome na equipe”
Lidando com todo os hates e críticas da comunidade
“Olha, de fato, desde que eu entrei na paiN Gaming, acabou vindo bastante hate e acabou se agravando depois de alguns splits que a gente não teve sucesso, principalmente depois do meu primeiro e segundo split na paiN. Eu acho algo natural do esporte, principalmente por estar na paiN, a paiN é a maior equipe do Brasil, então com certeza tem muita torcida e todos os olhos estão voltados para gente, e a partir do momento que eu ocupo um cargo importante que é o cargo de um dos treinadores da equipe, tem muitos olhos, muita cobrança, muito elogio e muito hate. É algo natural do esporte e é algo que eu já estava preparado. Principalmente depois do split de 2020, acabou sendo algo muito pesado mesmo e confesso que fui muito afetado pelas críticas, chega um momento que você fica duvidando de você mesmo, você duvida da sua capacidade, você duvida de sua qualidade, você fica se perguntando se é isso que você quer, se realmente é verdade o que as outras pessoas de fora dizem…”
Importância do Xero para o Dionrray
“Quem me ajudou muito nesse período, logo depois do primeiro split de 2020 foi o Xero, nosso primeiro split trabalhando junto e a priori a gente acabou não se encaixando muito bem, mas do primeiro para o segundo split a gente se aproximou muito e conseguimos fazer um bom trabalho, chegando na final e, infelizmente, perdendo o campeonato. Ele me ajudou muito a reconquistar minha confiança, eu saber do meu valor na equipe, eu saber da minha importância no time e na organização. A paiN também, na parte administrativa, sempre me apoiou bastante, deixaram claro que confiavam em mim. Então, foi tudo um processo de muitos altos e baixos, obviamente não foi mil maravilhas, não tem como ser hipócrita e achar isso, foi muito difícil para mim, pessoalmente, profissionalmente, eu tinha muitas dúvidas na minha cabeça, eu ia dormir mal, eu acordava lendo coisas ruins, ia dormir lendo coisas ruins, mas com a ajuda externa eu consegui reconquistar minha confiança e depois de boas campanhas no segundo split de 2020 e nos dois splits de 2021 essa confiança também veio a tona e eu me considero uma pessoa muito diferente, muito mais confiante e feliz com o meu trabalho e com o meu processo atual, tanto é que eu acho que os hates diminuíram um pouco, a torcida costuma brincar bastante comigo, eu já nao me afeto mais como era antes, até porque também é um pouco mais leve, então é mais pra esse lado”
Título ajudou a diminuir o hate?
“Em termos de torcida sim, acho que o título desse primeiro split desse ano foi muito importante pra todo mundo aqui dentro e pra torcida também, a paiN estava há seis anos sem ganhar um título. Então, acho que foi muito bom, da maneira que foi, a gente tinha um grupo muito unido, seja jogadores com staff, staff entre a gente mesmo, então foi uma jornada muito bonita que retomou a confiança de todo mundo e todo mundo passou a olhar com outros olhos pra mim, eu acho. Principalmente pela parte da torcida”
Conquistar um título para paiN depois de tanto tempo
“Foi algo muito louco, porque o último título da paiN, que foi em 2015, eu nem estava no cenário ainda. Eu acompanhei como telespectador esse campeonato. Eu sabia desse peso que tinha pra organização, mas principalmente pra torcida. Durante todo esse tempo, esses seis anos, dava pra perceber que a torcida tava com o grito entalado, a paiN chegou no vice em 2017, no ano passado também, a paiN como organização teve muitos altos e baixos recentemente, teve o rebaixamento, não conseguiram o acesso de forma direta, etc… Dava pra sentir que, principalmente por parte da torcida, tinha não só muita cobrança, como também muita expectativa, da maneira positiva, falando, principalmente com o fato da gente ter ido bem em 2020, que reacendeu as esperanças da torcida. Então, poder fazer parte desse título é algo inegável, eu tenho pra mim que pra vida inteira, eu posso falar que eu consegui esse título para a paiN e ninguém pode tirar isso de mim. Então, de alguma forma até, ter entrado para a história da paiN principalmente é algo que me deixa muito orgulhoso e muito feliz”
Trabalhar com o brTT
“Eu já tinha trabalhado com alguns jogadores de nome, um pouco antes da paiN e até mesmo na paiN, mas acho que ninguém se compara a ele aqui no Brasil. Não tem como, ele é a referência de League of Legends, de profissionalismo. Comecei a trabalhar com ele em 2020, então a gente trabalhou mais de quatro splits junto, o primeiro split de 2020 não foi muito bom. Depois conseguimos playoffs, chegamos na final, campeões, disputamos o MSI e agora fomos eliminados na semifinal. Ele é uma pessoa muito única, a gente é muito diferente, mas ele me ajudou muito a evoluir, eu já falei isso pra ele, seja indiretamente ou diretamente, ele tá sempre puxando o máximo, tirando o máximo de cada um. Comigo não foi diferente, ele me puxou muito para cima, em questão de eu evoluir cada vez mais e ajudar no que fosse a equipe, de dar sempre 100%, ele é um cara que faz isso com todo mundo, é muito profissional no dia a dia, isso é visível, é algo que eu tiro o chapéu pra ele, anos e anos aí no LoL e nos Esports, nunca atrasou treino, sempre é o primeiro a estar pronto e coisas do tipo e foi muito bom falar com ele. É algo que ninguém pode tirar de mim, eu tive a experiência de trabalhar com o brTT em minha carreira, ter sido campeão ao lado dele e disputado uma competição internacional ao lado dele”
brTT pode retornar para a paiN?
“Ele deixou claro que quer continuar na paiN. Eu fico feliz dele ter conseguido tomar a decisão, esses tipos de decisões não são fáceis. Eu acompanhei esses últimos dois anos profissionalmente, não foi fácil pra ele e ele se conhece mais do que ninguém. Eu espero que ele consiga ter uma boa pausa, tirar o melhor proveito disso, para que caso seja do interesse dele, ele volte ainda melhor”
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