O mundo dos esportes eletrônicos está ficando cada vez maior no cotidiano da população mundial, principalmente entre as crianças e os jovens. A diversidade e inclusão também são sempre pautas de debate nos games e esports, assim como deveria ser em muitos outros espectros da sociedade, mas sabemos que isso não acontece. Por conta disso, o Fragster resolveu conversar de forma exclusiva com dois grandes sociólogos e especialistas em games do Brasil, Nikaya Vidor, transsexual e pré-candidata a deputada pelo PSTU no Rio Grande do Sul e Leandro Pagani, criador de conteúdo e gamer com diversos projetos sociais em sua bagagem.
Leandro Pagani, atualmente morando em Santa Catarina, morou a infância e quase que a juventude inteira em uma das maiores favelas de Porto Alegre, a Serraria. A vida num cotidiano de marginalização e crimes não foi fácil, e o criador de conteúdo viu nos games um escape para tanta violência e uma oportunidade para chegar onde chegou: “Infelizmente não foi nada fácil, tive que derrubar muitas barreiras que não precisavam estar ali se o jovem de periferia fosse visto com outros olhos”, afirma. O seu cotidiano foi repleto de empecilhos que qualquer outra pessoa com mínimas condições jamais enfrentaria, uma realidade muito diferente da maioria das pessoas que vivem de esportes eletrônicos atualmente.
O gaúcho revela que as principais dificuldades em sua jornada foram: “Falta de acesso à tecnologia. Me refiro ao básico: internet, um computador, celular”, e acrescenta: “sem falar que as condições que rodeiam um jovem pobre e periférico fazem quase que ‘um incentivo reverso’ de querer seguir esse caminho”. Como forma de incentivo, Leandro deixou um recado para aqueles que se espelham nele: “O recado que eu deixo é: você é um vencedor e não importa o momento difícil que esteja passando, nunca deixe de acreditar na sua capacidade de ser um campeão e zerar esse game que chamamos de vida”.
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Nikaya Vidor critica o sistema e fala sobre inclusão, machismo e transfobia
A estudante da UFRGS, transsexual, politica e gamer Nikaya Vidor abriu a conversa fazendo duras criticas ao sistema capitalista no cenário de jogos: “A cena dos games é reflexo do consumo capitalista. O consumo muitas vezes é realizado a partir de determinada classe social e gênero. Em um país que ensina que menino usa azul e menina usa rosa. Em um país onde 90% da população não recebe R$ 3.900,00.
Jogar jogos online é possibilidade mais dadas para as classes sociais mais avantajadas economicamente”, dispara a pré-candidata a deputada.
Nascida em Porto Alegre, Nikaya joga League of Legends, TFT e jogos de luta como Melty Blood, Street Fighter e outros games, mas revela que o ambiente de jogos não parecem ser incentivados para pessoas como ela: “Games são incentivados apenas para homens e, portanto, cria uma cena onde os homens são maioria e colocam as suas percepções e vontades. É de se esperar que essa forma de machismo se expressa na cena dos games segregando pessoas trans e mulheres”.