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Esports: Especialistas falam sobre inclusão nos games

O mundo dos esportes eletrônicos está ficando cada vez maior no cotidiano da população mundial, principalmente entre as crianças... | 14. junho 2022

O mundo dos esportes eletrônicos está ficando cada vez maior no cotidiano da população mundial, principalmente entre as crianças e os jovens. A diversidade e inclusão também são sempre pautas de debate nos games e esports, assim como deveria ser em muitos outros espectros da sociedade, mas sabemos que isso não acontece. Por conta disso, o Fragster resolveu conversar de forma exclusiva com dois grandes sociólogos e especialistas em games do Brasil, Nikaya Vidor, transsexual e pré-candidata a deputada pelo PSTU no Rio Grande do Sul e Leandro Pagani, criador de conteúdo e gamer com diversos projetos sociais em sua bagagem.

Leandro Pagani, atualmente morando em Santa Catarina, morou a infância e quase que a juventude inteira em uma das maiores favelas de Porto Alegre, a Serraria. A vida num cotidiano de marginalização e crimes não foi fácil, e o criador de conteúdo viu nos games um escape para tanta violência e uma oportunidade para chegar onde chegou: “Infelizmente não foi nada fácil, tive que derrubar muitas barreiras que não precisavam estar ali se o jovem de periferia fosse visto com outros olhos”, afirma. O seu cotidiano foi repleto de empecilhos que qualquer outra pessoa com mínimas condições jamais enfrentaria, uma realidade muito diferente da maioria das pessoas que vivem de esportes eletrônicos atualmente.

leandro pagani

Leandro Pagani é jovem, gamer, criador de conteúdo e, acima de tudo, muito ativo politicamente em causas sociais. (Foto: Acervo pessoal)

O gaúcho revela que as principais dificuldades em sua jornada foram: “Falta de acesso à tecnologia. Me refiro ao básico: internet, um computador, celular”, e acrescenta: “sem falar que as condições que rodeiam um jovem pobre e periférico fazem quase que ‘um incentivo reverso’  de querer seguir esse caminho”. Como forma de incentivo, Leandro deixou um recado para aqueles que se espelham nele: “O recado que eu deixo é: você é um vencedor e não importa o momento difícil que esteja passando, nunca deixe de acreditar na sua capacidade de ser um campeão e zerar esse game que chamamos de vida”. 

Nikaya Vidor critica o sistema e fala sobre inclusão, machismo e transfobia

A estudante da UFRGS, transsexual, politica e gamer Nikaya Vidor abriu a conversa fazendo duras criticas ao sistema capitalista no cenário de jogos: “A cena dos games é  reflexo do consumo capitalista. O consumo muitas vezes é realizado a partir de determinada classe social e gênero. Em um país que ensina que menino usa azul e menina usa rosa. Em um país onde 90% da população não recebe R$ 3.900,00.

Jogar jogos online é possibilidade mais dadas para as classes sociais mais avantajadas economicamente”, dispara a pré-candidata a deputada.

nikaya vidor

Gaúcha e transsexual, Nikaya Vidor fala sobre inclusão nos esportes eletrônicos, games e diversidade, levantando a bandeira trans e LGBTQIA+ (Foto: Reprodução)

Nascida em Porto Alegre, Nikaya joga League of Legends, TFT e jogos de luta como Melty Blood, Street Fighter e outros games, mas revela que o ambiente de jogos não parecem ser incentivados para pessoas como ela: “Games são incentivados apenas para homens e, portanto, cria uma cena onde os homens são maioria e colocam as suas percepções e vontades. É de se esperar que essa forma de machismo se expressa na cena dos games segregando pessoas trans e mulheres”.